O seu jornal virtual de cultura

Um jornal virtual dedicado aos jovens. Falarei sobre cinema, meu foco principal, e sobre assuntos culturais que agradem aos interessados. Criamos esse blog para escrever e aperfeiçoar minha futura profissão, e, principalmente, para interagir com as pessoas do meio jornalístico e todos que tenham gosto por cultura e cinema. Deixem seus comentários, críticas, depoimentos e participem com dicas e dúvidas. Espero que gostem do meu trabalho. Wânyffer Monteiro

sábado, maio 26, 2007

Piratas do Caribe - No fim do mundo

Título Original: Pirates of the Caribbe an: At World's End


Gênero:
Aventura


Tempo de Duração:
168 minutos


Direção: Gore Verbinski


Roteiro:
Ted Elliott
e Terry Rossio

Produção:
Jerry Bruckheimer


Música: Hans
Zimmer

Fotografia: Dariusz Wolski


Figurino:
Liz Dann e Penny Rose


Efeitos Especiais:
Industrial Light & Magic / Proof / The Orphanage



Cine-repórter: Wânyffer Monteiro


Desde o vergonhoso “A ilha da garganta cortada” (1995), que quase afundou a Warner e a carreira de Geena Davis, pensou-se que nunca mais alguém teria a audácia para fazer filmes de pirata. Ainda bem que Gore Verbinski gosta de desafios e encarou essa empreitada. Inspirado em um brinquedo da Disneyworld, Piratas do Caribe ultrapassa as fantasias infantis e impressiona qualquer entusiasta. Contrariando as dúvidas da crítica e as maldições sobre filmes de piratas, Piratas do Caribe inovou, afinal, geralmente é a sétima arte que influencia os brinquedos temáticos e não o contrário. Empecilhos à parte, o trunfo desse longa, contra o qual nenhum brinquedo pode, se resume a uma pessoa: Johnny Depp.

No terceiro filme da trilogia, o capitão Jack Sparrow ressuscita dos mortos e junto com capitão Barbossa (Geoffrey Rush), capitão (acreditem se quiser!) Elizabeth Swann (Keira Knightely) e Capitão Will Turner (Orlando Bloom), lutam contra lorde Cuttler Beckett (Tom Hollander) que detém o comando do Flying Dutchman aliado ao almirante James Norrington (Jack Davenport) e a Davy Jones (Bill Nighy). Mas, para detê-los, nossos heróis precisam reunir os nove lordes piratas unindo-se, assim, ao capitão Sao Feng (Chow Yun-Fat). Entre omissões e traições a história se desenrola em um enredo fabuloso, pontos para Ted Elliott e Terry Rossio os roteiristas que conseguiram transformar um tema do parque da Disney em um genuíno e único filme de pirataria.

Você não foi o único que se surpreendeu ao notar que uma lenda grega é uma peça chave da série e que Jack é um lorde pirata. Elliot e Rossio preocuparam-se muito com um número grande de subtramas e enredos que, erroneamente, não foram inseridos no filme anterior, tornando o longa complexo demais. Algumas cenas, apesar de maravilhosas no âmbito visual, são um pouco sem sentido, afinal, porque Calypso se foi sem dizer a que veio? Talvez sua função fosse só provocar uma tempestade. E quanto ao capitão Sao Feng que morre cedo demais, enquanto Chow Yun-Fat ainda tinha muito talento a mostrar. Por outro lado, as cenas de Piratas 3 não deixaram a desejar, sendo emocionantes e divertidas ao mesmo tempo. No terceiro filme o roteiro utilizou-se de piadas físicas (o pirata anão e sua arma potente), diálogos espirituosos (“Larry”), momentos hilários (o que dizer do reencontro de Jack e sua mãe) e, é claro, ocasiões emocionantes (como o desfecho do romance de Elisabeth e Turner). Johnny Depp provou, mais uma vez, que transcende a profissão de ator. Ele não interpreta Jack Sparrow, ele é Jack Sparrow. Ele encarna o personagem e o vive de uma forma única e brilhante de modo a ser impossível seu jeito afetado e bêbado não se tornar o centro das atenções, afinal quem não foi cativado por esse pirata canalha e adorável. Depp transforma as falas, já excelentemente escritas, em bordões hilários, fazendo as mais desconexas frases tomarem sentido completo. Ele tornou capitão Sparrow fascinante, é impossível imaginar a trilogia sem Jack. O mais curioso é que a idéia inicial do personagem era de um pirata convencional, do tipo olho de vidro e perna de pau, mas Johnny estudou o papel e chegou à feliz conclusão de que os piratas não eram sóbrios ou necessariamente cruéis, mas se aproximavam mais dos astros de rock, inspirando-se, dessa forma, no guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, que, a propósito, ganhou o papel de pai de Sparrow no desfecho da série. Destaque para a cena em que Jack diz: “Você viu de tudo, fez de tudo e sobreviveu”, que mais parece uma frase de Johnny para o seu ídolo. Quando todos pensavam que o terceiro filme de uma trilogia não poderia se superar, eis que surge Piratas do Caribe – No fim do mundo, e mostra, como o próprio Johnny Depp já havia afirmado anteriormente, que “Nada do que eles façam me surpreende agora”. Verbinski e o diretor de fotografia Dariusz Wolski criam planos de perspectiva e beleza inimagináveis, com a rotação da câmera na virada de um navio de cabeça para baixo, a linda imagem das estrelas refletidas na água criando a ilusão de uma embarcação flutuando no espaço, a majestosa cena dos dois navios principais em guerra em meio a um redemoinho e se Verbinski pecou na cena em que em meio a um frio congelante Will e Gibbs aparecem com a camisa aberta e o segundo com as mangas levantadas, o cineasta se redime na cena em que, em câmera lenta, lorde Beckett percorre seu navio entre pedaços destroçados e sendo consumido pelo fogo. Aliadas ao talento do elenco, as cenas de aventura deixam o mais incrédulo dos expectadores de queixo caído. As cenas em alto-mar, tempestades, homens decepados, moluscos falantes, lutas de espada, órgãos à mostra, maquiagem, figurino e, com certeza, as pitadas de criatividade e improviso dos atores, não deixam a desejar. O que dizer da esplêndida cena do casamento de Turner e Swann que além de inesperadamente bem colocada dá um toque de amor em meio à eletrizante batalha. Com um design de produção impressionante, o terceiro filme paralisa com seus espetaculares cenários desde a fria Cingapura até a grandiosa Cidade dos Náufragos, passando por paisagens magníficas como a enorme cachoeira e o pôr-do-sol. Além de todos os fatores já citados não se pode esquecer a cena final que faz uma rima impecavelmente perfeita com o contexto de Jack Sparrow no primeiro filme. Uma curiosidade, um executivo da Disney foi visitar o set de filmagens e ficou enraivecido com o que viu. Disse que Johnny Depp estava estragando o filme interpretando aquele pirata vagabundo e desengonçado. Gore Verbinski não cedeu aos seus brados. Sorte nossa.



Elenco:


Johnny Depp
(Capitão Jack Sparrow) Orlando Bloom (Wil Turner) Keira Knightley (Elizabeth Swann) Geoffrey Rush (Capitão Barbossa) Johnantan Pryce (Governador Weatherby Swann) Bill Nighy (Davy Jones) Chow Yun-Fat (Capitão Sao Feng) Tom Hollander (Lorde Cuttler Beckett) Stellan Skarsgard (Bill Turner) Kevin McNally (Joshamee Gibbs) Jack Davenport (Almirante James Norrington) Mackenzie Crook (Ragetti) Lee Arenberg (Pintel) Martin Klebba (Marty) Greg Ellis (Tenente Groves) Reggie Lee (Tai Huang) David Bailie (Cotton) Naomie Harris (Tia Dalma) Sergio Calderón (Capitão Villanueva) Keith Richards (Pai de Jack Sparrow)

quarta-feira, maio 02, 2007

Título Original: Cold Mountain


Gênero: Drama


Tempo de Duração: 155 minutos


Ano de Lançamento (Inglaterra): 2003


Direção: Anthony Minghella


Roteiro: Anthony Minghella, baseado em livro de Charles Frazier


Fotografia: John Seale



Cine-repórter: Wânyffer Monteiro
Anthony Minghella nos presenteia com mais um filme primoroso. Ele, ganhador do Oscar de melhor diretor por “O Paciente Inglês” (1996), mostra que sete anos depois consegue, ainda, nos deleitar com seus trabalhos. Cold Mountain, de 2003, conta com um elenco incrível e ótimos efeitos visuais. Qualquer um que já tenha assistido outras obras-primas de Minghella, como “O Talentoso Ripley”, sabe da sua capacidade de chocar e emocionar simultaneamente. Inman (Jude Law), um rapaz tímido de Cold Mountain, apaixona-se por uma doce moça do sul, Ada Monroe (Nicole Kidman). Sem tempo de viver verdadeiramente esse amor, eles se separam por um longo período em decorrência da guerra civil americana. Após anos de sofrimento, enfrentando a morte e as dificuldades de uma vida sozinho, ele decide retornar à sua terra natal, onde sua namorada o espera com grandes problemas financeiros.

A temática do filme não é original. Uma história de amor em meio a tempos de guerra. Entretanto, a abordagem dada por Anthony Minghella, que além de dirigir também é responsável pelo roteiro, dá um ar de novidade a um assunto batido. Uma história de guerra sem ufanismo exasperado ou demonstrações agudas de amor à causa, é movido pela história de amor dos dois protagonistas, sem esquecer o momento histórico e sua importância.

Sem dúvidas um dos maiores trunfos do diretor e roteirista foi o excelente elenco escolhido. Renée Zellweger e Jude Law roubam a cena, valendo o mais que merecido Oscar de melhor atriz coadjuvante para Renée. Além de contar com Nicole Kidman (ganhadora do Oscar de melhor atriz por “As Horas” de 2002), Philip Seymour Hoffman, Natalie Portman, Giovanni Ribisi e Donald Sutherland. Jude Law está em seu melhor momento, provando que pode fazer muito mais que filmes sem sal como “Alfie” e que é um dos melhores atores de sua geração. Zellweger está incomparavelmente brilhante, enriquecendo as cenas e o filme com seu jeito único de interpretar.

Com uma fotografia arrebatadora e cenas extremamente realistas e bem escritas, Cold Mountain merecia ter concorrido ao Oscar de melhor filme, o que não aconteceu. Apesar do final fraco e pouco emocionante, o longa, baseado em livro de Charles Frazier, é um dos melhores trabalhos de Anthony Minghella.